quinta-feira, junho 26, 2008
Nem Mil Tanques de Guerra Cessarão a Violência
por Gláucia Almeida

A tragédia cometida por militares que entregaram para traficantes de uma favela rival três jovens da favela da Providência (RJ) gerou protestos que levaram à retirada da tropa que estava encarregada de fazer a vigilância das obras do PAC. O que é lastimável é que a dor das mães que viram seus filhos serem vendidos à morte não pode ser retirada e o presidente Lula que esteve com as famílias das vítimas recentemente nada pode fazer por elas agora.
Sob a justificativa de que precisavam de uma ‘correção’, três seres humanos foram entregues à morte de forma fria e dissimulada. O que vimos foi um exemplo trágico da banalização do valor da vida, neste caso, porém, da vida de uma camada social específica. Porque caso três jovens de classe média moradores da Zona Sul tivessem cometido desacato à autoridade (pois é esta a acusação do exército) certamente depois não seriam encontrados no lixão como dejetos rejeitados.
Ao ver arbitrariedades como esta, cometida à luz do dia de uma das principais cidades do Brasil, é de se questionar o que acontece em operações estrangeiras como a que o Exército Brasileiro desempenha no Haiti. Ainda mais depois de tomarmos conhecimento que as tropas da ONU lideradas pelo Brasil utilizaram 22 mil cargas de munição em apenas 7 horas de repressão às manifestações do povo haitiano contra o alto preço dos alimentos algumas semanas atrás.
Não é possível generalizar essas atitudes a todos os integrantes das forças armadas, mas os treinamentos militares educam os soldados para funcionarem como máquinas repressoras incapazes, inclusive, de se sensibilizarem com um povo pobre que protesta contra a fome, como no Haiti. Vítima deste tipo de treinamento desumano foi o cadete Maurício Silva Dias de apenas 19 anos que morreu - um dia antes da tragédia na favela da Mineira - na Academia Militar das Agulhas Negras em Resende (RJ) durante um treinamento militar de 60 horas seguidas.
Cada vez mais as favelas do Rio Janeiro mobilizam contingentes de forças policiais e atualmente militares, sendo ocupadas por batalhões fortemente armados, veículos blindados de grande porte e outros arsenais próprios de uma guerra. E ainda assim a população pobre e em sua maioria negra continua morrendo diariamente, ora pelas mãos dos bandidos, ora pelas mãos do Estado. Mas a punição continua sendo a única medida tomada pelos governos (federal, estadual e municipal) nessas comunidades. Lá não se vê esgoto, água encanada, escolas ou empregos, são lugares esquecidos quando se trata de direitos de cidadania apesar de serem todos os dias lembrados tragicamente nos jornais.
Postado por Marina às 22:00

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