por Fernanda Rocha

É através da educação que vem de casa que aprendemos os primeiros passos, a falar, a brincar, a se vestir, como também a ter hábitos para viver em sociedade de acordo com as normas sociais. No entanto, dois casais da cidade de Timóteo – MG ultrapassam essa proposta através de “um homeschooling brasileiro”, ensinando em casa o que os filhos de 14 e 15 anos tradicionalmente aprenderiam na escola. Assim, os meninos estudam em seis horas por dia, retórica, dialética, geometria, astronomia e música, além de inglês e hebraico.

O caso chegou à justiça, fazendo com que Cléber e Bernadeth Nunes respondam a processos por abandono intelectual, por infringir o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), o código penal e a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), correndo o risco de perder a guarda dos filhos. Porém, o designer gráfico autodidata e a decoradora que não concluiu o curso, atribuem a decisão ao ensino de má qualidade do país e lutam pelo direito de educar seus filhos como bem entenderem, garantido que eles estão muito mais adiantados nos estudos do que se estivessem na escola e que isso não atrapalha a convivência com um grupo social diferente do familiar.

O cenário educacional brasileiro é cada vez mais perturbador, a violência, o ensino desqualificado e o convívio com pessoas de ações desrespeitosas fazem com o ensino domiciliar seja uma alternativa plausível. A era da informação propiciada pela ascensão da internet permite conhecido amplo individual e de mundo. Quando o estado não consegue oferecer as condições perfeitas de educação, como acontece, não considero o fato digno de veto.

Porém, há que se considerar que a grande maioria não tem a oportunidade de ter acesso a esse tipo de educação que não é novidade em alguns países como Canadá, Inglaterra e México, onde o “homeschooling” é regulamentado. O que me faz retornar ao velho clichê: o Brasil precisa é de educação!

Entretanto, a super proteção que se tem em casa pode contribuir para a queda do desenvolvimento da criança e do adolescente na comunicação com outros da sua faixa etária, como também impede que os jovens amadureçam, lidem como situações corriqueiras que os preparam para a vida, já que a cidadania só é aprendida na prática.