Devolvam-me a felicidade
Por Carlos Palacios Durante um bom tempo tive a chave para os portões do paraíso. Tive em mãos, inesgotavelmente, o produto capaz de conduzir meu espírito à tranqüilidade necessária após um dia de estresses e constrangimentos da vida acadêmica, social e familiar. Eu era feliz, e como todo ser detentor da felicidade, não tinha ciência deste meu estado. Esse passaporte para o mundo dos prazeres era nada mais nada menos, do que uma simples senha capaz de destruir os cadeados do puritanismo e me dirigir a um site - ou melhor, uma coletânea de sites - dos mais diversos conteúdos pornográficos, para todos os gostos e desejos possíveis. Como todo bom jovem solidário, eu compartilhei esta senha com amigos e colegas de classes, estes que compartilharam com outros amigos, formando uma imensa comunidade de usufrutuários dos serviços do Reality Kings. Porém, um dia esta senha me foi tirada, violentamente e sem aviso prévio, os portões se fecharam para mim, a fechadura foi trocada e os guardiões das portas não são mais meus amigos. Um vazio se formou em meu coração, os dias demoraram a passar, comecei a andar lento, arrastando o passo e o sorriso raramente foi visto em meu rosto. Agora entendo Fernando Pessoa quando disse "pedi tão pouco à vida e este mesmo pouco a vida me negou" em O Livro do Desassossego. Eu não quero muita coisa nessa vida, não tenho muitas ambições - não pretendo trazer a paz para o oriente médio, desconheço os candidatos à presidência americana e não me importo com a corrupção política, aliás, votaria no candidato mais corrupto de todos se bancasse para mim os U$24.95 mensais necessários para se ter uma nova senha. Não estou falando de amor, nem de sexo e nem de solidão, somente pedindo - ou talvez apenas lamentando - de volta aquilo que me dava forças para levantar da cama, o efeito morfínico de meu dia, capaz de me fazer sorrir até nos momentos em que não há motivo para o mesmo, trazer sentido e sanidade (ou apenas a aparência de) à minha rotina. Digo tudo isso em meio à posts conscientes, políticos e engajados de meus caríssimos colegas, e engana-se aquele que pensa que meio sinto vazio e fútil com este meu texto tão outsider. Pelo contrário, me vejo tão sincero e honesto de uma maneira que poucas vezes me senti antes - me sinto do alto de uma montanha proferindo estas palavras que chega, sem ruído, ao ouvido de todos lá em baixo. E a sensação que tenho é semelhante àquela de quando tinha em mãos a senha para meus sites pornográficos. |
Colaboradores Bem vindo ao blog dos Discípulos de Carlos Palacios, o atual 4° período diurno de Comunicação Social da UFJF!
Pra quem não sabe, o nome do blog é homenagem ao nosso líder e mentor: Carlos Palacios!
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8 Commentários:
Gênio! Mestre! Estamos com vc neste momento difícil. Eu entendo pois fui um daqueles a quem foi confiada a chave da felicidade, que também me foi tirada.
Abraços fraternos e de luto.
Palaaaaaaaaaaaaaaaaa...
UAHeuAHeuAHEuhAuehAUehUAehUAehaUEh
mtoooooooo bom !!!!!
como dizem os Birros ... GENIAL !!!
AUHEuAHeuAHEuAHEuH
Alguém está precisando de terapia...
Esse é o grande diferencial do nosso curso.
Sentamos no computador, escrevemos o que dá na cabeça, ganhamos nota pra isso e mais tarde receberemos pra isso tb...
O problema é que as vezes o que dá na cabeça não deveria nem sair dela.
O que foi isso?
Bom, naum há o q reclamar neh
Ele está no Palácio do Palácios...
Escreve o q kiser
Desculpa, anônimo, sou um cara solitário e carente de calor humano. Meu analista disse que expressar angústias em público é uma boa forma de terapia.
Me dá um abraço caloroso quando me ver pelos corredores da facom? :õ(
que isso...
será que toda a falta da felicidade traz a tona sentimentos tão profundos e tristes?
meuuu Deus
Que a chave, de mim, nuca seja tirada!
Este comentário foi removido pelo autor.
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